

Especialista em uma das mais importantes escolas de negócios do mundo sinaliza que não basta acompanhar as ações ambientais realizadas pelos países. É preciso adotar outras posturas, o que também abre caminho para novos negócios.
Após a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 26) em 2021, o mundo entra em uma nova fase: a concretização do que foi acordado. Embora existam pontos positivos, Daniel Vermeer, diretor-executivo do Center for Energy, Development and the Global Environment e professor da Fuqua School of Business da Duke University (EUA), uma das mais importantes escolas de negócios do mundo, afirma que as empresas devem ajudar a acelerar o progresso na ação climática, por meio de suas próprias ações e parcerias com governos.
“As conversas estão longe de onde deveriam estar. Existem muitos stakeholders e interesses diferentes; quase todos concordam com a direção que precisamos tomar, mas diferem em prioridades e ritmo. Os países prometem muito, mas nem sempre isso se traduz em ações”, comenta Vermeer, frisando: “Por isso, as empresas devem atuar com mais força para promover esse processo de transformação ambiental, inclusive incentivando os governos a adotarem políticas públicas que criem um impulso para mudanças reais”.
Além disso, as empresas precisarão ajustar-se e se adaptar para atender às expectativas cada vez maiores do público, investidores, consumidores, nações e do próprio mercado. Assim, devem repensar seus processos produtivos, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e a poluição, transformando suas cadeias produtivas, melhorando a eficiência energética e hídrica, dentre outras iniciativas. Isso também representa uma oportunidade sem precedentes para as que forneçam soluções inovadoras que viabilizem essas mudanças.
“Estamos na quarta revolução industrial, impulsionada por uma fusão de novas tecnologias na interseção dos domínios físico, digital e biológico. Essa evolução, em meio ao atual cenário global, vai gerar milhões de novos empregos, principalmente nos países que criam e dimensionam soluções para grandes mercados globais”, explica o professor. “Precisamos de inovações que descarbonizem nossos sistemas de energia, tornem nossas infraestruturas mais resilientes e alimentem de maneira sustentável uma crescente população global”, exemplifica.
A COP 26 também sinalizou um cenário industrial em rápida mudança. Por exemplo, vimos uma urgência crescente em restringir a produção futura de carvão, petróleo e gás, de acordo com as metas climáticas. As empresas nesses setores devem planejar uma mudança dos combustíveis fósseis tradicionais, à medida que as energias renováveis se tornam mais competitivas e mais a economia é baseada na eletricidade. Em contraste, algumas das iniciativas de sustentabilidade mais ambiciosas são buscadas por empresas de tecnologia que veem oportunidades em expansão para fornecer soluções sustentáveis para mercados globais em crescimento.
Outros segmentos, como o alimentício, imobiliário e industrial, também precisam se antecipar a essas tendências, para que continuem a prosperar em um mundo cada vez mais turbulento. No entanto, tudo isso precisa ser feito rapidamente, pois a próxima década é crítica para fazer mudanças fundamentais em nossa economia, infraestrutura e sociedade. “As coisas estão evoluindo muito rapidamente; 2030, o ano de referência para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), está se aproximando rapidamente e 2050 chegará em um piscar de olhos”, alerta Vermeer.
(Fonte: Thailize Silva Oliveira)