

A 16ª edição do estudo “A Governança Corporativa e o Mercado de Capitais”, elaborado pelo ACI Institute em parceria com o Board Leadership Center da KPMG Brasil, apontou uma tendência na composição dos Conselhos de Administração que vem se repetindo nos últimos anos, representada pelo aumento do percentual de conselheiros independentes (36% em 2020, para 39% este ano), bem como no número de comitês de assessoramento, com destaque aos comitês de auditoria, de pessoas e capital humano, estratégico e de sustentabilidade.
Segundo o sócio em Riscos e Governança Corporativa da KPMG no Brasil e CEO do ACI Institute e do Board Leadership Center Brasil, Sidney Ito, esses temas, com certeza ainda estarão na agenda dos Conselhos de Administração no próximo ano. “Portanto, faz sentido os Conselhos acelerarem a diversificação, trazendo membros independentes com especialização nos assuntos de tecnologia e inovação, práticas ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), cadeia de suprimentos e capital humano. Paralelamente, quando não é possível fazer grandes mudanças na composição do Conselho, esses especialistas são trazidos aos comitês de assessoramento dos Conselhos”, explica.
Outro crescimento importante identificado pelo estudo foi o número de empresas que têm pelo menos uma mulher no Conselho de Administração — 63%, em relação a 54% no ano anterior. Além disso, somente 14% eram preenchidos por mulheres (uma pequena melhoria em relação ao ano anterior que eram 11%).
Também vale citar uma maior preocupação dos Conselhos de Administração em avaliar o seu desempenho (59% em 2021 contra 45% em 2020), um aumento na remuneração anual média por conselheiro de administração (R$1.782 mil versus. R$662 mil em 2020), maior número de empresas com uma área de gerenciamento de riscos (73% em 2021 e 69% em 2020) e um maior número de empresas tendo o seu relatório de sustentabilidade com asseguração independente (54% em 2021 e 47% em 2020).
“Vemos um esforço por parte de órgãos reguladores para a criação de métricas padronizadas para a divulgação de informações socioambientais nos relatórios corporativos, mas, ainda assim, há certa pulverização nos diferentes padrões utilizados. Com o aumento da pressão das partes interessadas por mais engajamento das companhias com os pilares ambientais, sociais e de governança, espera-se que esse tema mantenha ou mesmo aumente sua repercussão junto à alta liderança das empresas”, avalia a sócia-diretora de mercados da KPMG no Brasil e do ACI Institute e do Board Leadership Center Brasil, Fernanda Allegretti.
O levantamento tem como base os formulários de referência de 280 empresas abertas no País, listadas nos segmentos diferenciados de governança da B3 — Novo Mercado, Nível 2, Nível 1 e Básico.
Para o sócio da KPMG, Sidney Ito, fica claro que todas essas melhorias nas práticas de governança endereçam o forte ativismo dos shareholders, com uma participação maior a cada ano do ativismo dos stakeholders, e o cada vez mais complexo ambiente regulatório. “Ainda há muito o que se fazer. Sempre surgem fatos e ações que colocam em dúvida as boas práticas de governança. Todavia, todos esses fatores, junto com outros dados de nosso estudo, somente corroboram a busca das empresas e, especialmente de seus Conselhos de Administração, para uma maior especialização, diversidade e preparação para fatos e eventos que afetam significativamente sua estratégia e modelo de negócios”, finaliza.
(Fonte: Mayra Bragança)