

Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano diz que a chave para ter uma melhor inteligência emocional no trabalho é deixar de lado o comportamento “robótico”.
Algumas empresas já ensaiavam a transformação digital há alguns anos, mas, após a pandemia de covid-19, mesmo as corporações que não aspiravam por essa mudança de paradigma se viram obrigadas a “virar a chave”. Com isso, o líder protagonista passou a atuar como um agente em prol da transformação digital. “Embora muitos acreditem que a transformação foi impulsionada na pandemia pelo uso de plataformas para reuniões, aulas e treinamentos, ou seja pela tecnologia, a verdadeira ‘revolução’ foi, na verdade, proporcionada pela ação humana e pela mudança de comportamento. Isso porque os gestores tiveram que aprender a liderar seus times de maneira remota, e a negociar novos formatos de reuniões e entregas”, avalia a especialista em desenvolvimento humano Susanne Andrade.
Além disso, equipes passaram a lançar mão da empatia e da colaboração necessárias para que os resultados fossem alcançados. “E, acima de tudo, passamos a ‘entrar nas casas das pessoas’ e a permitir que os outros ‘entrassem nos nossos lares’, levando a uma quebra de formalidades e mais descontração até mesmo nas vestimentas, o que levou mais humanidade ao ambiente corporativo”, acrescenta a autora de best-sellers como “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil”. Na visão de Susanne, essa nova forma de atuar já fazia parte das startups, que viraram “unicórnios”, com crescimento exponencial de forma digital. “Esse é o segredo ao qual as grandes empresas vêm recorrendo para a sua transformação, que só é possível por meio do desenvolvimento de novas habilidades, as soft skills, adotando um novo mindset”, pondera a especialista.
Inteligência Artificial (IA) x Inteligência Emocional (IE)
Nesse contexto, não é difícil notar que, no mundo corporativo de hoje, a IA (Inteligência Artificial) apenas não basta, é necessário o equilíbrio entre a IA e a IE (Inteligência Emocional). Isso porque, para exercer o seu papel de forma efetiva, o líder protagonista precisa que suas soft skills estejam bem desenvolvidas. Em “Líder Protagonista, novo livro que será lançado em abril de 2022, Susanne explica que são gestores e não-gestores, profissionais com uma nova atitude em um mundo cada vez mais ágil, que assumem a responsabilidade por sua trajetória de vida e carreira, contribuindo assim para mudar o mundo. “Para esses, haverá sempre lugar no mercado de trabalho, mesmo diante de profissões que deixarão de existir. Eles se reinventam, especialmente pelo fato de desenvolverem suas soft skills – como são chamadas as habilidades não-técnicas e comportamentais”, diz.
No livro, Susanne destaca que o profissional não deve temer a transformação digital. “A IA não é ‘inimiga’, mas sim uma aliada, quando se está de fato preparado para isso. Algumas profissões de fato deixarão de existir, mas a evolução tecnológica demandará a criação de várias outras. Na verdade, os profissionais, estão com uma grande oportunidade de deixar a máquina fazer o trabalho dela (IA) deixando com que nós finalmente possamos atuar com o que nos cabe”, avalia ela.
Para isso, na visão da autora, é preciso sair do modo “trabalhar feito robô de maneira repetitiva e maçante” para o modo “trabalhar de maneira consciente e com propósito definido”, fazendo o que cabe a nós como seres humanos. “O erro é tentar tornar-se uma “máquina”, para competir com a IA, que foi criada para nos servir e facilitar a nossa vida, potencializando os resultados. Sendo assim, o desenvolvimento da Inteligência Emocional (IE) deve partir de cada profissional como indivíduo”, sugere Susanne.
Origem e importância do conceito de IE
Inteligência emocional no trabalho é uma das competências mais valorizadas no mercado atual. Ela aparece entre as habilidades mais desejadas pelas empresas no recente relatório Global Talent Report do LinkedIn, ao lado da adaptabilidade, colaboração, criatividade, inovação e persuasão. Além disso, já está comprovado que a inteligência emocional aumenta a produtividade e melhora os resultados nas empresas. Essa competência tem um impacto decisivo no clima organizacional, na cultura e na produtividade das equipes.
De acordo com um estudo das Universidades de Harvard, Boston e Michigan, publicado no LinkedIn, colaboradores com maior capacidade de comunicação geram um ROI (Retorno sobre o Investimento) de 250% nas contratações. Assim, a inteligência emocional é um grande trunfo para qualquer profissional. Isso porque, além da transformação digital, que é muito importante, é preciso promover a transformação humana no ambiente de trabalho. O conceito se tornou popular na década de 90, com o livro “Emotional Intelligence”, dos psicólogos Peter Salovey e John Mayer. A obra define a Inteligência Emocional como “a capacidade de monitorar seus próprios sentimentos e emoções e também os dos outros, discriminá-los e usar essas informações para guiar o pensamento e ações alheias”. Ou seja, dentro do contexto organizacional, a Inteligência Emocional é uma competência valiosa para conduzir as relações interpessoais, ter uma comunicação efetiva e gerenciar conflitos.